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  • Ronaldo Rodrigues

Um teclado, um tecladista - Órgão Hammond, Jon Lord

Atualizado: 16 de set. de 2022


Jon Lord é a maior referência em teclado rock - apenas isso! Então, poderíamos escolher dezenas de músicas diferentes de Lord para essa seção. Há um detalhe interessante na escolha de "Might Just Take Your Life", presente no álbum Burn, de 1974 - Jon Lord havia retomado em estúdio a clássica combinação de órgão Hammond e amplificador Leslie 122.


Essa combinação foi deixada de lado nos discos clássicos da chamada MKII do Deep Purple, a formação que contava com o próprio Jon Lord, Ian Paice, Ritchie Blackmore, Roger Glover e Ian Gillan. Durante os discos In Rock (parcialmente), Fireball, Machine Head e Who Do You Think We Are?, Jon Lord usou seu Hammond acoplado a amplificadores de guitarra, obtendo assim o distinto som que podemos ouvir em músicas como "Fireball", "Highway Star", "Maybe I'm Leo", "Smoke on the Water", etc. Mas com a saída de Glover e Gillan para darem lugar a Glen Hughes e Dave Coverdale, Jon Lord retomou o som do Hammond como já praticado entre 1968-1969 na primeira formação do Deep Purple. A banda toda se direcionou para músicas com mais groove e swing, e essa sonoridade do Hammond se encaixava melhor nesse contexto.



Mas voltemos a "Might Just Take Your Life" - a introdução é bombástica com o Hammond em destaque executando o riff principal da música. A leve saturação do som foi obtida meramente com a caixa Leslie em alto volume, uma distorção natural do som em um amplificador valvulado, sem a necessidade de pedais. Ian Paice vai acrescentando notas na bateria para tornar a intro ainda mais envolvente, até que toda banda entra, repetindo o riff com a pulsação constante do baixo de Hughes. Com a entrada dos vocais, Jon Lord fica pareado com a guitarra, alternando entre notas e acordes sustentados, até retomar o riff principal no refrão da música. Pequenos licks blueseiros são adicionados a medida que a estrofe se repete, com detalhes que vão temperando a música como um todo. Depois do segundo refrão, a música sobe de tom e Lord faz a cama dos acordes para o vocal de Hughes e a guitarra de Ritchie Blackmore. O charme da faixa nem é a complexidade da execução das linhas de órgão, mas sim a sonoridade quente e a classe com que Jon Lord interage com os outros instrumentos.


A repetição do refrão prepara o terreno para um solo magistral de Jon Lord ao órgão, no qual ele usa uma base de pentatônica menor e pega emprestada notas da escala cromática, uma característica que se tornou marcante em sua obra, dando um clima até de "música oriental" em vários trechos de seu solo. Outra característica que torna o solo marcante é a alternância entre trechos melódicos e outros trabalhados com variações feitas com os próprios acordes executados nas regiões agudas, um balanço que ajuda a manter o groove da música em alta até seu fim. A variação do som do órgão Hammond com a Leslie no modo lento e rápido cria vibratos fantásticos, que são acompanhados pelos falsetes dos vocalistas Coverdale-Hughes, em um arranjo embasbacante. Eis aí construído um clássico do rock que ferve a cabeça de gerações.


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