Muitas laudas já foram escritas sobre o discreto baixista/tecladista do Led Zeppelin, John Paul Jones. Sua reputação como excelente arranjador e preciso músico de estúdio não é à toa. Ele cumpriu muito bem sua função na maior banda de rock dos 70s, sendo um contraponto sólido e ao mesmo tempo sofisticado com a a guitarra de Jimmy Page e a bateria de John Bonham.
No Quarter (1973) passou a ser o principal momento de destaque de Jonesy nas turnês a partir de então. Os improvisos de teclado estendiam-se longamente. Mas a versão que foi produzida para o filme The Song Remains the Same (1976) na minha modesta opinião é a melhor e mais equilibrada delas. O começo do solo traz uma transição de timbre, que adquire as características clássicas do pedal phaser acoplado à um Fender Rhodes Mark I. Notas simples são salpicadas e sutis variações são aplicadas por cima do tema principal da música, até que uma melodia descendente muito bela, em 04:21, antecede uma virada embasbacante de bateria. Pequenos preenchimentos vão sendo aplicados com muita elegância até que a guitarra começa a dialogar conjuntamente com o piano elétrico. É um meio termo muito interessante entre improviso e um arranjo estruturado, com um resultado sonoro primoroso.
Em seguida, Jonesy faz uma base fantástica para Page se deleitar. Bonham não fica atrás e também mostra toda sua inteligência rítmica mudando os padrões de condução e aplicando viradas fantásticas. O ouvinte já está tomado pelo som lá pelos 07:20, quando Page está no ápice de seu solo. Aos 08:53, Jonesy assume novamente a dianteira, no que considero minha parte favorita de toda a música nessa versão, com uma sequência repetida de notas agudas e um groove lancinante de Bonham, para desaguar em um riff em pentatônica repetido algumas vezes e pontuado pelo wah-wah swingado de Page, até que somos reintroduzidos ao tema inicial da música – um estouro de som!
John Paul Jones é elegância pura.
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